A Rosa Félix esteve com o José Carlos Barreto no programa TSF bikes para falar sobre o inquérito que lançou sobre hábitos de mobilidade em Lisboa, direccionado tanto para ciclistas como para não ciclistas.
Estudo realizado por universidade americana e portuguesa decorre durante o mês de Janeiro e visa compreender as barreiras à adoção da bicicleta em cidades de baixa maturidade ciclável, como Lisboa.
O inquérito online, disponível em www.inquerito.bike, destina-se tanto a atuais utilizadores de bicicleta como a todas as pessoas que gostavam de começar a usar este veículo para deslocações quotidianas e que se deparam com dificuldades na sua adoção.
No âmbito de uma tese de doutoramento em Sistemas de Transportes do programa MIT Portugal, o objectivo deste trabalho passa por caracterizar as escolhas de mobilidade e transportes de residentes, trabalhadores ou visitantes de Lisboa e compreender quais as motivações para a adoção da bicicleta nas deslocações em meio urbano, as barreiras que dificultam a mudança de meio transporte e os incentivos que poderiam ajudar mais pessoas a alterar os seus hábitos de transporte.
O foco deste estudo são as cidades em que a percentagem de viagens pendulares realizadas em bicicleta é ainda relativamente baixa. Em 2011, de acordo com os Censos, Lisboa registava apenas 0,2% de viagens feitas em velocípede, valor abaixo dos 8% da média europeia. Com a construção recente de uma rede ciclável e o sistema de bicicletas de uso partilhado, a Câmara Municipal de Lisboa estima que este número seja agora de 1,4%.
Rosa Félix, investigadora do Instituto Superior Técnico na área da mobilidade ciclável e responsável pelo inquérito, reconhece que “o mito das sete colinas continua a ser uma barreira psicológica para a adoção da bicicleta”. No entanto, um estudo da mesma universidade feito em 2012 mostrava que 74% das ruas da capital têm declives até 5%, o que é considerado favorável para a circulação em bicicleta. “Queremos compreender os factores que explicam que vários lisboetas tenham já optado pela bicicleta mas a maioria continue a preferir o automóvel ou os transportes públicos, mesmo para distâncias até 5 km”, continua a investigadora, que se encontra atualmente a desenvolver o projeto na Portland State University, nos EUA.
Vários estudos internacionais têm revelado que a alteração de hábitos de mobilidade em favor da bicicleta não dependem apenas da oferta de infraestruturas cicláveis, mas também de outros incentivos complementares que ajudam a ultrapassar as barreiras psicológicas, tornando esta opção mais vantajosa. “Queremos compreender quais as barreiras percebidas e as expectativas à alteração de hábitos para melhor apoiar o desenho de políticas de promoção da bicicleta”, afirma Rosa Félix.
O inquérito está disponível durante o mês de Janeiro em www.inquerito.bike e o tempo estimado para o seu preenchimento é de 15 minutos. O público-alvo são os potenciais utilizadores de bicicleta em Lisboa e os atuais ciclistas urbanos, com questões diferenciadas para ambos os grupos.
Publicado em https://www.tsf.pt/programa/tsf-bikes/emissao/inquerito-online-da-investigadora-rosa-felix-e-rescaldo-da-epoca-de-ciclocrosse-9072851.html a 25 Jan 2018